Luan's POV.
- Que alague toda a cidade, que você não saia do sofá... Pra que ninguém roube o meu lugar, pra que ninguém roube o lugar, pra que ninguém roube o meu lugar... - cantarolei a minha mais nova composição, sorrindo. Animado, pus o violão na cama e guardei o caderno. Tinha gravado no celular também, eu tinha essa mania! Eu fiz pra ela... Pra ela! E, não mostraria à ninguém. Precisava saber dela! Mas como? Ela não queria me ver nem pintado de ouro! Muito menos, ouvir qualquer coisa que saísse da minha boca, mesmo sendo uma música pra ela...
Nervoso, levantei e fiquei andando de um lado pro outro. Clicava no seu perfil do WhatsApp e não tinha a mínima coragem para enviar algo... Eu não era tão fraco assim, nunca fui! Ela é a culpada disso tudo. Eu deveria odia-la por me proporcionar essas desagradáveis sensações! Até como criança, eu agi. Quando lembro que liguei de madrugada, a xingando por uma possível volta com seu ex, me dá vontade de rir. Mas, ao mesmo tempo, vontade de me bater.
Meu sonho me deixou tão atordoado... E se estivesse acontecendo? A chuva pode ter passado. Tudo bem, eu definitivamente não vou sossegar enquanto não falar com ela. Mas com que coragem eu vou fazer isso? Com que desculpa? Não sei, mas eu daria um jeito!
Fui beber água e passei pelo quarto da Bruna. A tela do seu celular piscava e ela não estava ali. Me aproximei e logo formei um sorriso no rosto. "Nana".
- Nana? - ela falou e eu soltei um sorriso largo.
- Não é ela... - falei, receoso também.
- Passa pra ela?
- Você não tá em nenhuma balada, né?! Que alívio! Consequentemente não está ficando com ele, certo? Chuva maravilhosa. - com toda minha coragem, pus tudo pra fora.
- Hã?
- Nada, nada... - me segurei para não rir, de alívio.
- Passa pra ela.- falou indiferente.
- Eu preciso te ver, de qualquer jeito! - usando minha coragem mais uma vez, fui firme.
- Passa pra ela, por favor.
- Ela não tá aqui. Fala comigo, eu tô falando com você...
- Por favor!
- Me perdoa por qualquer coisa! Mas fala comigo, eu precisar ajeitar essa nossa confusão... Onde você tá?! Eu vou te ver.
- Luan... - ela falou e ouvi gritos de fundo. - Para Cristina! Cristina... - ela falava nervosa e o a voz dela ia ficando cada vez mais distante.
- LUAN!!!!! É você? Ave Maria, homem do céu.. - uma voz diferente falou, me fazendo rir.
- Me dá isso, sua abestada. - Tatá falava.
- Sou eu sim, muié. - ri.
- Que risada gostosa!!!!!!!!!!!!!! - ela começou a chorar...? - Ai.
- Aí meu Deus. - Ouvi outra voz, era Carolina.
- Tatá tá aqui dizendo que quer muito lhe ver, muito... - A menina voltou a falar. - Falou de você o dia inteiro! Quando pode ser?
- Cê tá falando sério? - perguntei, rindo. - Quando ela quiser.
- Me dá isso aqui! - ouvi a voz dela. - Olha Luan, ignora ela... Em casa a gente se fala!
- EM CASA NADA!!!!!!! - a menina gritou e eu soltei uma gargalhada.
- Cristina.. Shiu! - Tatá falou mais baixo. - O trânsito abriu, então em casa a gente se fala...
- Promete? - única coisa que consegui falar.
- Prometo, Rafa.. - suspirou.
- LUAAAAN!
- Cris, se acalme! Tchau Luan, tchau... - desligou e eu cai na gargalhada.
Será que a amiga que também era fã? Louca. Apaguei a ligação e desci, como se nada tivesse acontecido.
Tanara's POV.
- Você é louca? Cristina!!! - dizia, com a mão no peito.
- Ué, eu que preciso ver ele! Então, o que tem eu fingir que você passou o dia citando isso?
- Meu Deus, que vergonha!!!! Ele deve está se achando agora, sabia?! Abestada.
- Por que você não falou pra gente que era ele? - Carol perguntou, prestando atenção na pista.
- Porque ele ligou de madrugada um dia aí... Me xingando, pela foto que aquele fc postou.
- Que foto?
- Eu e o Erick.
- Ele te xingou, sério? - Cris perguntou rindo.
- Muito. - sorri, revirando os olhos. - "Você não podia ter voltado com ele..." "Ele te traiu..." "Não sabia que era fácil assim..." E blá blá blá.
- Sabe o que é isso? Ciúmes!!! - continuou rindo. - E o que ele falou agora?
- Umas coisas doidas e que precisava me ver.
- Sabe o que é isso? "Eu tô apaixonado, eu tô contando tudo.." - cantarolou, caindo na gargalhada em seguida.
- Hahaha, engraçadinha! - lhe dei um tapa, fazendo a Carol rir.
Me deixaram em casa e eu fui tirar toda a maquiagem. Me vó me avisou que iria passar o final de semana na casa da sua irmã e sairia amanhã cedo. Deixou várias recomendações e eu apenas concordava, com os pensamentos em outro lugar. Estava saindo do banheiro quando o celular tocou, era ele.
- Demorei um pouco pra esperar você chegar em casa... - foi a primeira coisa que ele falou, e eu já estava nervosa.
- Pois é, elas já me deixaram em casa. - falei simples, sem graça.
- Uma pena a saída de vocês não ter dado certo...- falou um oouco
- Eu já imaginava. Avisei, até. - ri.
- Eu queria pedir desculpa procê... Nada a ver eu ter te ligado pra falar aquelas coisas... Mesmo que vocês tivessem voltado, não era da minha conta.
- Você foi muito idiota em me falar aquele tanto de coisas...
- Por isso tô te pedindo desculpa, Pikitinha.
- Eu desculpo, Luan. Já tinha esquecido...
- Eu não sei o que aconteceu comigo... Aquela foto me deu uma coisa, bom, eu não sei explicar. - falou e eu ri. - Cê num ri não! Poxa, ele te traiu...
- Eu só ajudei ele... A mãe dela vai ser operada.
- Sério?
- Sim! E como são só os dois de irmãos... Eu quis ajudar. Ninguém sabe o dia de amanhã, Rafa.
- Você é muito boazinha, sabia? Se fosse minha mãe, você ia?
- Eu sou um amor, né?! - ri. - Claro que não... Quem é você, garoto? - brinquei, o fazendo rir. - Claro que ia! Você está competindo com o Erick, Luan Rafael?
- Não... Claro que não! Eu só... Ah, que que tem? Queria saber se você me considera também.
- Crianção. - ri. - ficou preocupado em ele me machucar de novo? Que fofo.
- Claro, uai! Somos amigos... Lembra?
- Talvez não sejamos mais.
- Ai, Tatá, não fala assim! Eu já pedi desculpa por ter te deixado esperando... Se você quer saber, aquela noite foi muito especial pra mim! Eu não consigo parar de pensar nela, aliás...
- Eu também já desculpei! Mas não é tão fácil assim... Nossa amizade mudou desde o dia em que eu fui embora daquele hotel, você sabe.
- Eu sei e nunca quis que isso acontecesse..
- Mas aconteceu. E eu não vou repetir o que te falei naquela noite..
- Não precisa repetir. Eu relembro de minuto em minuto - eu falou como se estivesse sorrindo.. Será? Ao mesmo tempo, eu já estava corada.
- Tchau, Luan! Já falei com você como havia prometido... Já desculpei e tudo.
- Tchau, não! Me escuta... Eu preciso te ver. Fala pra mim onde, que eu vou agora..
- Não, Luan. Vamos fingir que nada aconteceu... Nada mesmo, nem que nos conhecemos.
- Não fala isso!!!! Poxa, eu tô sendo sincero com você..
- Sincero? Ah, claro. Faz o que bem quer depois de eu me declarar e quando eu desculpo, de repente quer me ver...
- Eu quero te falar uma coisa...
- Tudo que tínhamos pra falar, acabamos de terminar. Obrigada por tudo, Rafa! Quem sabe um dia a gente se vê por aí... Tchau! - desliguei, já com as lágrimas caindo.
Luan's POV.
Depois da sua amiga ter tomado o celular, eu a fiz prometer que falaria comigo. Que não fugiria, nem nada. Tomei minha água e subi. Me deitei e coloquei o celular na palma da mão, cronometrando o tempo que ela levaria até chegar em casa, para eu lhe ligar.
Esperei esperei e certa hora, já vi que tinha dado tempo suficiente para ela estar sozinha, em casa.
Chamou duas vezes e logo ela atendeu. Meu sorriso foi de orelha à orelha. Não, pare com isso! Não queria dar 'Oi', nem 'E aí', muito menos 'tudo bem?'. Então...
- Demorei um pouco pra esperar você chegar em casa... - expliquei a minha demora e começamos o nosso papo.
Desculpas, brincadeiras, falta de conversa, nervosismo.. E acabou com ela acabando com qualquer tipo de relação que tínhamos ou podíamos ter e, desligando na minha cara. Palmas, Luan! Palmas. E agora, espertão? O que irá fazer se você não para de pensar nela? Você precisa ve-la. Olhá-la. Toca-la. Para tirar a prova das suas suspeitas. Saber se realmente, você está apaixonado.
Carolina's POV.
Desde que minha amiga havia voltado de São Paulo, ela não estava nada bem. O fato dela ter se apaixonado pelo ídolo, que virou amigo, estava machucando mais do que a traição de um namoro de 3 anos. E isso só me fazia pensar em uma coisa: Amor à terceira vista. Uma paixão não seria tão forte assim... O amor, sim.
Aliás, ela sempre o amou como fã... Para passar à ser amor de mulher, não era muito difícil. Luan não sentia nada por ela e era isso que a machucava. Tentamos de tudo para ela melhorar... Mas nenhuma festinha, adiantou. Fingir que ele não existia, também não adiantou. Nem a aproximação do Erick adiantou! Mas, desde a ligação no carro eu estava com uma pulga atrás da orelha! Ele querendo ver ela...? E bom, pelo as coisas que ele fez, ele parece ter gostado muito dela. Talvez no início era como amiga... Mas agora, eu tinha quase a certeza que isso estava mudando. Ligar na madrugada pela volta com o ex? Ciúmes. Atender o telefone da irmã implorando-a para ve-la? Saudade. E logo quando ele está dando esses sinais, ela quer esquecer, se afastar, desapaixonar. Trabalho para quem? Isso, Carolina. Depois de chegar em casa e ir dormir, fiquei pensando em tudo isso... Será que tenho cara de cupido? Não sei. Mas eu sei que ainda tenho o número do Luan e ligarei agora!
•••
Tanara's POV.
Sábado à noite. O que uma moça de 18 anos deveria estar fazendo? Dançando, bebendo, curtindo... Mas agora, o que eu estou fazendo? Assistindo a novela das 7 e esperando minhas amigas. Eu sei, sou diferente, sou pra casar. Mas, quem disse que eu quero casar? Triste fim.
Alexandre já estava nas suas farras e bom, segunda de manhã ele talvez chegue. Minha vó foi para a irmã e eu sobrei. As meninas combinaram de vir e eu fiquei mais alegre.
"Abre a porta!!!!! To entrando com as sacolas.." Carol me enviou e eu, fiz o que ela pediu. Mas antes que eu ficasse para vê-la entrar, lembrei de tudo que deixei ligado e subi para desligar.
Quando desci novamente, não tinha ninguém na sala. Nenhum carro estacionado, nada...
Cadê elas? Fechei a porta e fui procurar na cozinha.
- Ca... - antes que eu terminasse seu nome, pulei pra trás, assustada. Estou vendo miragem? Ou era ele? Ele.
- Carol não pôde vir... - falou simples, com um sorriso tímido. - Mas mandou coisas pra nossa noite! Você gosta de pizza, né?!
- O que você tá fazendo aqui, Luan? - Era ele. Carne, osso e cara de pau. - Como?
- Bom, eu... - foi se aproximando e eu andei para trás, me afastando. - Fiquei sabendo que iria passar a noite sozinha e como sou um bom amigo... Não quis te deixar sozinha.
- Cadê elas?
- Exatamente, elas que me comunicaram! Aliás, mais a Carol.
- Puta. - rosnei e ele riu. - A brincadeira foi ótima, mas já pode ir... - apontei para a sala e fui andando até ela.
- Acha mesmo que eu vim de São Paulo pra cá, no meu dia de folga, pra ir embora assim? 'Logiquinão'. - riu descarado, me acompanhando e logo em seguida, se esparramou no sofá.
- Ou ou, garoto! Você acha que é quem?
- Fala galera, eu sou o Luan Santana... - falou e eu cruzei os braços. - Pikitinha, deixa de marra. - riu. - Tô aqui oh, todinho 'procê'.
- Vai embora!
- Somos amigos, não somos?
- Não, não somos.
- Para de coisa! Eu só quero fazer as pazes com você...
- Não tem pazes, Luan.
- Você tem noção? Eu vim de São Paulo!!!!!!! Na maior discrição e você ainda não dá valor?
- Luan...
- Eu só não quero te deixar sozinha, uai.
- Eu vou matar aquelas duas!
- Eu agradeci. - riu, balançando os ombros. - Estávamos precisando... Sempre que eu te ligava, ou brigávamos ou você desliga na minha cara...
- Não tem lógica isso aqui!
- Não sou movido por lógicas. - falou com ar de superioridade. - Vai me expulsar? - falou com uma cara de 'dó' e eu bufei, vencida.
- Vou ajeitar o quarto pra você dormir...
- Acha que eu vim dormir? Eu quero conversar com você.
- Não temos o que conversar.
- Trouxe várias coisas pra gente comer! Aqui tem violão? Filme? - falou descendo o olhar pro meu corpo e eu percebi como estava vestida. Com a camisa dele. Idiota!
- Não vamos fazer nada disso...
- Você vai negar um show meu? Particular? Te deixo escolher o repertório.
- Tá pra nascer alguém mais convencido! - balancei a cabeça negativamente, indo até a escada.
- Cê gostou mesmo dessa minha blusa, hein?! Me lembra o dia do nosso jantar.
- Exatamente! Estou indo trocar. - subi um degrau e ele veio atrás.
- Onde tá seu quarto? Pra eu levar minha mochila. - mostrou e eu ri, desacreditada.
- Não vai entrar no meu quarto..
- Vou. - passou na minha frente e eu suspirei, o seguindo.
Entramos no meu quarto e ele avaliou tudo.
- Óia eu... - pegou um porta-retrato que eu tinha, com a nossa foto de 2010. - Eu lembro desse dia.
- Lembra nada. - ri, guardando sua mochila em algum lugar dali.
- Lembro sim! Vagamente, mas lembro.. - riu e sorri, revirando os olhos. - Cê tem outra aí?
- Outra o quê?
- Foto dessa.
- Tenho.
- Me dá?
- Não.
- Me dá sim. - abriu o porta-retrato e tirou a foto. - Agora é minha! - sorriu, colocando-a no peito.
- Pra quê você quer isso? É só mais uma foto com uma fã.
- Eu gostei de mim nessa foto...
- Ah sim, tá explicado... - sentei num puff e ele tirou o tênis, se jogando na minha cama.
- Cê tem mais alguma coisa minha?
- Não.
- Tem sim... Cê é fã! Deve ter várias coisas desse tipo.
- Você é muuuuito chato!
- Tão chato que você é minha fã. - soltou uma risada. - Mostra, Pikitinha.
- Que saco! - bufei, levantando.
- Outra coisa... Acho melhor você tirar essa blusa, porque ocê tá só com essa blusa e eu não sou cego né... Aí você vai reclamar que eu tô olhando pra suas pernocas.
- Não vou trocar nada!
- Então cê quer mesmo me atiçar? Eu vim na paz... Um santo!!!
- Aham..
- Então tá, depois ocê num reclama..
Peguei as minhas coisas e coloquei na cama. Fui separando de acordo com as datas e fui explicando, enquanto ele olhava atentamente. Ria e fazia várias perguntas. O clima estava bom, eu confesso. Nessas horas, eu esquecia que estava apaixonada e o via apenas como um amigo.
- Esse que tá com você no pescoço é o tal Erick?
- Aham... - ri, olhando a foto antiga. - Tempo maravilhoso.
- Que feio.
- Feio nada! - o defendi, rindo.
- Num defende não..
- Mas eu namorei ele! Se eu não defender, pega mal pra mim. - expliquei e ele fez careta.
- Ele ia sempre com vocês?
- Sim...
- Eu não estava tão errado em pensar que vocês tinham voltado... 3 anos é muito, né?!
- Nada a ver. Eu não perdôo traição, pode ser até 20 anos!
- Credo, Pikitinha.
- Se não quer, deixa. Não precisa trair.
- Uia.. Isso é um requisito, pra quem quiser te namorar?
- Exatamente! - sorri, convencida.
- Vou lembrar disso...
- Hã?
- Nada.- desconversou, pegando um CD. - Me dá aí uma caneta! - pediu e eu lhe entreguei. - Vou autografar procê! Porque daqui pra frente, eu vou ficar cada vez mais famoso e você vai ter um autógrafo meu. Tá vendo como eu penso 'nocê'?
- Nossa! Você é muito bom, parabéns... - falei com ironia e ele assinou, rindo.
- Vou autografar tudo isso aqui...
- Opa, me sinto lisonjeada. - entreguei um DVD e ele começou a autografar, nos causando risadas.
...
- Isso me deu fome! - falou, se espreguiçando.
- Também... O que foi que você trouxe mesmo?
- Muita coisa! Quer dizer, Carol foi me falando o que você gosta, aí...
- Hum, quer me agradar, é?
- É. - passou a mão no cabelo, sem jeito.
- Vamos. - sorri, o puxando.
- Ô Pikitinha, quanto cê tem de altura?
- 1,58. Por que?
- Nossa senhora! Cê é uma anã.
- Ainda me ofende!
- Mas 1,58 cara... Nem 1,60!!
- Ai, Luan, shiu.
- Anã!!!!! - ria. - PikitINHA mesmo. - brincou, sentando.
- Vai ficar com fome, sabia?! Cala a boca.
- Calo não, uai.
- Você não é essas coisas toda não... Não é nenhum gigante.
- Mas eu não sou anão.
- Você se acha, hein?!
- Põe logo minha coca.
- Coca não, guaraná...
- Nada disso! Coca, sim. Eu só trouxe coca. - me olhou vitorioso e eu fiz bico, pondo os pedaços no prato.
- Dá pra levantar e me ajudar? Vai pegando os copos.
- Não, sou visita.
- Vai logo, Rafa... - falei mais mansa e ele levantou, fazendo o que eu pedi.
Pegou a coca, os copos e colocou tudo em cima da mesa. Eu fiquei esperando o microondas apitar.
- Pikitinha... Ocê não me deu nem abraço.
- E...?
- Eu vim todo cheiroso pra nada?
- E você só se perfuma quando vai ver alguém?
- Pensei que a gente ia dar uns amassos.
- Que descarado! - ri, indignada.
- Deixa eu ver se você tá cheirosa... - antes que eu falasse algo, ele já estava me abraçando. - Muito cheirosa. - passou o nariz pelo meu pescoço.
- Tá, Luan. Vamos comer. - me afastei, não ia me enganar de novo.
- Tá bem... - disse derrotado, me fazendo rir.
- É pizza de que? - perguntei, antes de pegar os talheres.
- Frango com Catupiry.
- Aí, eu amo!
- Eu sei.
- Claro, a Carol te contou.
- Nem tudo que tá aqui, foi ela que me disse que você gosta.
- Duvido! - falei rindo, colocando já o primeiro pedaço na boca.
- Eu sei bastante coisa de você, Tatá.
- Claro, ué. Sou sua fã e fui traída depois de três anos de namoro. - suspirei. - É, você sabe muita coisa.
- Você só tá me dando patada hoje. Tudo na cara. Meu rosto deve tá vermelho já. - falou... triste? Claro que não.
- E isso não é verdade?
- Não! - falou, me olhando sério.
- Ah... O que você sabe sobre mim então?
- Hum... Sei que quando não tem nada pra fazer, você começa a dançar, se mexer e nem percebe. - suspirou. - As vezes você fala dormindo... Quando você tá ansiosa fica passando a unha no pescoço, quando tá nervosa também faz isso. Você fica mordendo os lábios sem motivos, como está fazendo agora. - falou, e eu que estava 'babando' me toquei e parei rápido, o fazendo rir. - Você não gosta de peixe, só pra comer, pelo simples fato de eles não nos fazerem nada. - ele deu uma pausa, me olhando pra vê se eu prestava atenção. - Bom... Você faz listinha pra TUDO, nunca vi, coisa chata! Você gosta de Bruno e Marrone e Cristiano Araújo, eles te representam né? Posta mais legendas com músicas deles do que minha.
Você tem vários perfumes, e alguns que todos reclamam por ser marca inferior, mas você nem liga. Às vezes você também prefere e usa um masculino, tão bom, que eu tenho vontade de te morder. Sei que o absorvente que você usa é aquele 'auis'. - falou e eu ri. - Não é assim que fala, né? Mas foda-se. Você também fica vermelha muuuuuito fácil e, por último, você é tão boa de cama que me deu uma baita chave de coxa que me deixou doido e eu tô aqui agora...
- Rafael!!!! - falei, assustada com as suas palavras.
- É verdade, ué. Você fez tão bem, que eu tô aqui praticamente me declarando, de tão apaixonado que eu tô.
- Vai se fuder, tá?
- Fica vermelha não, Pikitinha. - passou a mão no meu rosto.
- Para! - ri, dando um tapa que não fez nem cócegas nele.
- Você tá sentindo esse cheiro de queimado? - perguntou e eu comecei a sentir também. Olhei pra trás e antes que notasse, ele levantou rápido. - Os outros pedaços no microondas, sua louca!!!! - falou, tentando desligar. Já estava saindo fumaça, já que eu tinha colocado em poucos minutos. Tirou elas bem tostadas e eu fiz bico, chateada.
- Você é sempre desligada assim? - pôs na mesa, com o cenho todo preocupado.
- Não... Primeira vez que isso acontece.
- Sério, Tatá.
- Às vezes eu sou... Mas não se torna uma característica minha.
- Cê quase mata a gente, sabia?
- Aí, Rafa, tá bom. Come aí..
- Me chamou de Rafa? Só por que te dei sermão né?! Você é muito espertinha.
- Coitado! Quem é você pra me dar sermão?
- Tenho certeza que sua vó já está cansada de fazer isso. - sentou de novo, com outro pedaço na mão.
- Sabia que uma vez eu saí pra trabalhar e deixei uma água no fogo? Nossa, Rafa, você não sabe o sufoco que eu passei!
- Sério? E aí? - riu.
Comecei a contar e ele prestava atenção, dando altas risadas.
•••
- Devolve meu celular! - falei, nervosa.
- Só tô vendo as músicas, oh. - me mostrou. - Por que? Tem coisa que eu não posso ver é?
- Devolve...
- Só música de corno... - falou passando. - Oh... - me olhou, chegando perto. - Essa aqui é boa.
- Qual?
- Foi eu que fiz amor fiz pote brincadeira e acabei me apaixonando... - me olhou sorrindo. - Meu amor, estou rendido à você, pois estou te amando...
- Ham... Gosto dela também. - o cortei e ele chegou perto de mim. Como estávamos no sofá, não dava muito pra sair.
- Eu gosto mais pra quem eu dediquei ela.
- Luan, vamos parar tá?
- Que? Não... Desculpa. - falou, sentando de novo e pegou meu celular.
- Vou beber água... - sai em direção a cozinha, nervosa.
POV Luan
Carol me disse que Tatá estaria sozinha essa noite e claro que eu não ia perder tempo. Falou também que percebeu várias coisas e por isso resolveu me ajudar. Me ameaçou, caso não desse certo. Pedi ela ajuda e a própria disse que me mandaria uma mensagem com tudo que ela gosta e como seria, para sair tudo perfeito.
Avisei a Bruna que iria viajar, mas não disse onde, ela com certeza me encheria de perguntas e eu não ia aguentar. Solicitei o Jatinho e fiz tudo com muito cuidado, era perigoso demais. Mas seria rápido e não teria alvoroço. Assim espero.
Foi tudo muito rápido, poderiam me chamar de louco. Talvez eu estivesse mesmo, mas precisava vê-la. Só de imaginar o que poderia acontecer, eu já sentia as sensações, junto com a ansiedade.
Carol arranjou tudo pra mim e falou que daria um jeito de colocar tudo dentro, sem que ela estranhasse. Assim ela fez. Chegamos lá e a sala estava vazia. Colocamos tudo na cozinha e lá eu fiquei. Carol saiu me desejando sorte e ainda, me ameaçando. Eu ria, dela é de nervoso.
Quando Tatá me viu, levou um mega susto. E depois de muita marra, me deixou ficar. Subi nossa mochila e aproveitei para amansa-la. Ela estava fria, diferente... Mas logo eu a amoleceria, ou meu nome não é Luan Rafael. Pedi pra ver suas coisas de 'fã' e dei muita risada, com as histórias. Loucas. Vi também que o tal Erick era um bom namorado nisso, mas nada demais, continua sendo um imbecil.
Deu fome e fomos comer a pizza que eu havia trago. A lerda acabou queimando, colocando minutos demais no microondas. Mas ainda sobrou alguns pedaços 'salvos' e comemos, com ela me contando a história da "Água no fogo esquecida".
Estávamos sentados no sofá e eu quase beijei ela, só que ela me deu um baita fora, atrapalhando tudo e indo pra cozinha. Espera, ela me deu um fora? Ela realmente está mudada.
Fiquei mexendo no seu celular e achei uma música que era tão eu, tão aquele momento, tão... tão... a gente.
Fui procurar um violão e achei um no seu quarto. Estava um calor do cão, acabei tirando a blusa. Peguei o violão e desci. Fui até a cozinha.
Ela tava sentada, com a cabeça baixa. Decidi cantar a música, antes que...
- Oi, Luan... - me olhou, indiferente.
- Enquanto a cidade dorme, eu aqui me lembro... Quanto tempo... Quanto tempo! - comecei a cantar e ela se levantou, sentando na mesa, com certeza, pra ficar mais alta. - A gente já não fica junto mais nenhuma momento. Quanto tempo! Quanto tempo! - cheguei mais perto dela, que sorria fechado. - Eu sei que foi só uma transa, mas sua lembrança me deixou assim... Querendo ter você de novo, agarrada em mim. - a olhei, lembrando de tudo.- Desculpe se eu senti saudade, se me deu vontade e eu não sei fugir. Faz tempo, mas eu nunca te esqueci....
- Luan... - ela começou a falar e eu já estava bem próximo dela, não a ponto de já poder lhe lascar um beijo, mas próximo.
- Vem! Quero amar seu corpo inteiro. Namorar, sentir seu cheiro. Sem ter pressa pra acabar. Oh, ohhhh! - agora sim eu me aproximei, a ponto de sentir sua respiração. E meu coração batia tão forte, ela devia estar ouvindo ele, aí meu Deus! Ela olhou pra baixo, focando na minha tatuagem. A que fizemos juntos. - Vem! Que eu estou aqui sozinho, precisando de carinho, com vontade de te amar... - terminei, sorrindo pra ela. Ela me olhou de baixo pra cima e eu confesso, senti arrepios na espinha. Tirei o violão, que atrapalhava nossa aproximação e o coloquei na mesa, vazia. Ela deve ter limpado, nesse meio tempo.
Livre, peguei no seu rosto. A cozinha estava escura, ela estava no escuro. E eu agradeci por isso. Vinha algumas luzes, da sala, de fora... Mas não atrapalhava, só ajudava o clima. Ela passou as unhas na minha tatuagem e eu lembrei de tudo. Que saudades. Desci minha mão para o seu pescoço e com a outra, peguei na sua mão. Elas se encaixavam. Alisei ali e deslizei para o seu ombro, à procura da sua tatuagem. Ela ainda estava com a minha blusa e bom, não ajudava. Para alcançar o meu objeto, tive que descer a blusa para o lado, talvez a estragando. Aí sim, vi sua tatuagem. Pronto. Ela não tinha mais como fugir. Sem pensar, levei minha boca para o seu pescoço e meus dedos já passeavam na sua frase.
- Não brinca comigo. - sussurrou, como se não tivesse forças.
- Não sou moleque. - segredei, mordendo sua orelha. - Não foge mais de mim. Você sabe que eu sempre vou dar um jeito de beijar sua boca. - sussurrei sorrindo e não demorei para concretizar minhas palavras.
Ela não recuou; já estava toda arrepiada. Logo nossos beijos dominavam e nada separaria nossas bocas agora, nada.
Ela já estava deitada na mesa e eu, em cima dela. Sem a deixar respiração, sem largar sua maravilhosa boca. A cada beijo esquentava mais e eu, sem mais paciência, abri suas pernas e as encaixei na minha cintura. Me olhou safada, como se eu tivesse piorado tudo. Mas não era só ela que havia sentido, minha excitação aumentou. Principalmente por ela estar só de blusa, e ao levantar as pernas, ela subir e deixar sua calcinha à mostra. Um pouco acima dele, mas ainda roçando na minha barriga.
- Eu não vou agüentar subir. Pelo amor de Deus. - falei, ofegante, com a boca entreaberta na sua boca.
- Pra quê subir? - ela falou mais calma. Provocativa.
Ciente que tinha o consentimento dela, tirei a sua blusa, quer dizer, a minha blusa. E pronto, estava feito.
Tanara's POV.
Eu estava sonhando ou eu tive uma noite maravilhosa com o meu Rafa? Horas, muitas horas naquilo. Muito desejo, carinho, saudade... Onde vamos parar? Olhei ao redor e eu estava coberta apenas por um lençol, na minha cama. Sentei, o procurando com o olhar, mas em vão. Ele não estava mais ali e eu mais uma vez me deixei ser usada. Merda!
Antes que começasse a xinga-lo, vi um papel do meu lado. Estranhando, peguei.
Abri e ainda sem ler, já notei que era sua letra.
"Eu sei que você já me xingou, mas eu não te deixei, nem te usei... Dessa vez vai ser diferente, eu prometo. Me espera, por favor! Não foge de mim, porque eu não vou fugir de você... Beijos na boca.
P.S: Cada vez melhor nas chave de coxa."
A música é 'Agarrada em mim' - Bruno e Marrone.