Capítulo 86

Estava me arrumando para o meu primeiro dia no carnaval. Penúltimo dia de carnaval, devo lembrar. Estava com Cristina e ela me encorajava para poder falar com o Rafa. Daria tudo certo! Tinha que dar. Eu estava nervosa, morrendo de saudades. Queria um olhar seu. Um toque. Suas desculpas e nossa volta. Tá, eu estava querendo demais, mas eu não estava sendo exagerada. Aquilo era o mínimo!

Não me fantasiei muito. Vestia a blusa do camarote, uma saia e coloquei alguns apetrechos de índia. Eu estava me sentindo bem. Eu queria me sentir bem. A Cris não estava muito diferente de mim. Decidimos ir parecidas. Hoje o Luan cantaria com a Claudia Leitte e eu já estava super animada para ouvir sua voz. Sua voz sempre me acalmava, ou me deixava nervosa, ou me lembrava o quanto eu o amava. Ela era multifuncional e essencial. Mágica.

Luan's POV.

Na sexta de carnaval, eu fiz um "pocket show" no Rio de Janeiro e acabei passando sábado e domingo quieto, em casa. Os fatos recentes não se apagaram da minha memória e ainda tinham o poder de me perturbar. Hoje, segunda-feira de carnaval, eu cantaria com a Claudinha em seu trio e poderia começar a curtir. O que eu gostei bastante. Seria um jeito de esquecer um pouco da Tanara e poder conhecer outras línguas, se é que vocês me entendem. O que já estava fazendo falta, confesso. Ainda não tinha ficado com ninguém depois do término. Não me sentia animado e sempre me lembrava dela. Mas hoje seria diferente. Eu faria ser.

Fui recebido com muito carinho e euforia por Salvador. Sempre mantinha um sorriso no rosto e tentava atender todos. Entrei no camarim da Claudia e ela já veio logo me abraçando. Linda! Nossa música estava sendo abraçada de uma forma linda e eu aposto que muitos cantariam com a gente. Meu parceiro Thiaguinho também estava ali, o que nos rendeu muitas fotos e conversas. Em um momento, eu acabei ficando mexendo no celular e logo me arrependi. Vi uma postagem de Cristina, junto com a Tanara. Ela estava linda e para minha alegria ou tristeza, estava em Salvador. Coincidência? Não sei. Mas isso não me impediria de fazer o que vim fazer. Seguiria com o meu plano. Fiquei olhando a foto e ela estava linda, como sempre.

crislopes É Carnaval! Coloque essa pena na cabeça, Salvador!! @tataccioly

Acabei não resistindo e entrei no seu ig. Será que ela havia postado alguma coisa? Eu estava certo, ela postou. Uma foto mais linda ainda. Por quê? Por que tinha que ser tão linda? Filha da mãe.

tataccioly Primeiro carnaval a gente nunca esquece! Salvador, bebê!

Não curti, mas printei a foto e coloquei em uma pasta. Não tinha mais foto sua e nunca podia ficar olhando. Rober chegou para me ajudar a aquecer a voz e eu bloqueei o celular, para que ele não visse. Não sei se aquilo me ajudaria a seguir em frente, mas foda-se, foi uma ação involuntária. Olhá-la de vez em quando não me faria mal. Não tanto, pelo menos.

Quando ia entrar no palco, fui parado pela youtuber Kéfera. Gravei um pequeno vídeo para o seu canal e fui tietado pela sua mãe. No palco com Claudinha e Thiaguinho, fizemos muitas brincadeiras e claro, cantamos também. Aqui tinha uma brincadeira bastante usada, era os colares. Se o homem desse um para a mulher, beijava-a. Eu peguei vários e Claudia não perdeu a oportunidade de brincar comigo, falando isso pra todo mundo ouvir. Ela escutaria. Mas ninguém mandou ela me passar chifres, não é mesmo? Eu e Cláudia não perdíamos a oportunidade de nos abraçar e tenho certeza que rendeu muitas fotos para as minhas fãs. Minha participação acabou e logo em seguida eu fui dar uma passada no SBT Folia, onde a emissora transmitia todo o carnaval. Celso Portioli e Livia Andrade me fizeram uma pequena entrevista e depois, eu decidi dar uma passada no camarote Schin. Não, não que seja por ela estar lá. É claro que não! Foi uma escolha aleatório, sério.

Cheguei sendo tietado, mas logo conseguir entrar. Well e Rober me acompanhavam e depois de um tempinho, fiquei a procurando com o olhar. Esqueça o que eu falei sobre ter sido uma escolha aleatória! Talvez eu não tenha superado ainda a falta que ela me faz - e vai fazer por muito tempo -. Depois de muito imitar um perseguido, de tanto que eu olhava para os lados, eu a achei. Paralisei. Não imaginei que ficaria assim. Meu coração deu solavancos e eu engoli seco. Eu queria ir lá, falar que eu perdoo. Que não aguentava mais de saudades. Mas não, eu não perdoo traição. Ainda mais a dela, que foi a pior possível. Me usou e mentiu durante 1 ano e 3 meses de namoro. Ai, que raiva! Virei meu rosto. Conversava com Roberval e comecei a beber. Não era tão bom em lhe ignorar como pensava. Meus olhos me traiam frequentemente e eu me pegava a encarando. Às vezes com um sorriso besta, outras com raiva. Precisava me livrar daquilo. Mas ela estava tão linda... Como eu sou idiota, meu Deus. O que essa mulher fez pra mim? Será alguma macumba? Coar café na calcinha? Não era possível tamanho apego, sentimento e sofrimento.
Tinha medo de algum marmanjo chegar nela e ela aceitar. Eu tinha tanto medo. Eu tinha esperança de que aquilo fosse um sonho. Inevitável, eu amava ela. Sempre queria pensar o melhor dela. Mas as pessoas se enganam. Se enganam feio. E essa era minha vez. A minha vez de se enganar com quem eu menos esperava.

- Well, chega aqui. - chamei meu segurança e ele veio. - Fica de olho na Tanara. Não deixa nenhuma cara chegar nela. Vai atrás onde ela for. Não a deixe sozinha! - ele me olhou, imaginando, talvez, que eu estivesse louco. Mas eu estava. - Isso é uma ordem! - falei mais sério e ele riu negando. - Anda, Cirilo! Eu sou seu patrão e estou mandando. - disse, o empurrando. Nunca tinha falado assim com eles. Não gostava. Eu convivia com eles vinte e quatro horas por dia e não gostava de criar um clima tenso. Éramos amigos, mas naquele momento era preciso. Rober me olhou assustado, talvez pelo mesmo motivo que se passava na minha cabeça. Eu não disse nada. Rondei e acabei enxergando uma mulher. Chamou minha atenção e eu cheguei nela. Linda. Ela era morena, alta e tinha belas pernas. Bem diferente da Tanara. Não que ela não fosse linda, ela era maravilhosa. Depois de algumas palavras, ela me permitiu um beijo. Ela não beijava tão bem como a minha Tatá, mas beijava. Eu não abri os olhos para ver se ela estava olhando. Mas tive a certeza quando encerrei o beijo e Tanara me olhava triste, decepcionada. Sorri, descaradamente. Era o que eu queria.

Tanara's POV.

Quando o Luan entrou no palco, meu coração quase faltou sair pela boca. Ele estava tão lindo. Eu o amava. Fazia brincadeiras com Claudia e eu não me importava, mesmo sendo uma ciumenta. Dava pra ver que era uma nítida amizade... Que saudade desses seus olhos, seu abraço, seu jeito de menino... Aí, Tanara! Estava rolando boatos que ele viria para o meu mesmo camarote e eu fiquei de olho para ver se ele entrava; quando esse ato aconteceu, meu coração se derreteu. Eu não tinha estruturas. Ele estava com um sorriso lindo no rosto, mas quando me viu, mudou. Fechou a cara e virou o rosto. Ok. Ele tinha seus motivos. Ele começou a andar e de vez em outra, me olhava. Com inúmeras caras.

Ele parecia fugir de mim, mas eu o pegava me encarando várias vezes. Como eu pegava isso? Simples: olhava também. Eu queria ir lá conversar, pedir perdão, mas Cristina não deixava. Em uma das minhas olhadas para ver onde ele estava, eu me arrependi totalmente. Era o que eu menos esperava. Ele estava atracado com uma menina qualquer que estava ali só pra isso. Pegar todos e sair, como a fodona. Eu não me lembro de ter sentido aquele sentimento na minha vida. Uma raiva surreal. Ciúmes, decepção... Aliás, até me lembro. 2013. Eu, Rafa e Bruna fomos a festa da amiga da Larissa, a Brenda. Ele me deu um perdido e quando o procurei, ele estava atracado com a aniversariante. Naquela época, éramos amigos e eu senti essa sensação, mas não dessa forma. Ela veio como uma avalanche. Inesperada. Não conseguia tirar os meus olhos daquela cena horrorosa e aquilo me deixou triste, com um olhar morto. Meus ombros se esmoreceram de imediato. Ele então, terminou o beijo e me olhou sorrindo como se quisesse me deixar naquele estado. Ele sorria, olhando para a mulher e logo Cris me puxou.
- Não fica assim! Ele tá fazendo isso de propósito, amiga. - Cris me virou e eu sorri, decepcionada.
- Eu entendo ele, Cris. Ele acha que... Você sabe!
Vamos sair daqui. - me puxou me começou a dançar com minha mãos. Fiquei ali parada enquanto ela dançava e um menino chegou perto de mim. Dois meninos. Um qual eu não sei o nome e o Well. Não entendi aquilo, mas não falei nada. Well começou a conversar com Cristina e o menino comigo. Até ai, ok. Tudo aparentava estar normal. Conversa vai, conversa vem... O menino me deu um colar. Eu não sabia muito bem o significado daquele colar, mas sabia que era dado para alguém quando você queria beijar a pessoa. Diferente do meu ex, não sairia beijando um e outro por aí. Não gostava daquilo e ele sabia. Nunca fui disso. Ficava, quando me interessava. Eu não estava bem para aquilo e talvez nem conseguisse. O menino colocou a mão no meu cabelo e o Well se aproximou o afastando. Ele me olhou sem entender e acabou saindo, envergonhado. Eu o olhei sem entender, talvez indignada. O que ela aquilo?
- Desculpa, Tatá. Mas são ordens do meu patrão. E eu não quero perder o meu emprego... - riu envergonhado.
- Até parece que o Luan faria algo assim com você, Well. - cruzei os braços.
- Quando se trata de você, o boi muda, Tatá. - Rober chegou me abraçando forte e cumprimentou Cristina.
- Não me parece muito. - ri, olhando para ele que já conversava com outra.
-Ele te ama. Aquilo ali é só dor de cotovelo!
Sei... - sorri, pegando o celular.
-Não experimenta, sério. O Luan muda até quando nós te elogiamos. Ele te ama pra valer. Tá todo triste com isso e quer te afetar, apenas. Não faça nada que o provoque. Não quero confusão aqui e não querendo te envolver nisso, mas não é bom pra imagem dele...
-Pode deixar, Rô... Eu não vim aqui pra descontar minha dor em ninguém.
-Você sabe que ele também não... Ele só veio para te esquecer e te encontrou aqui... Ele tá sofrendo muito, Tata. Vive triste pelos cantos...
- Para de falar dele pra ela, menino. Não tá vendo que ela tá triste? – Cris falou brava e ele se desculpou entrando em outro assunto. Ele me fazia rir e me fez esquecer o Luan por um tempo. Ele também tentava disfarçar quando via Luan ficando ou conversando com alguma menina. Ficamos dançando, brincando, bebendo e ele só saia de perto quando via alguma menina bonita e queria paquerar.

Rober's POV.

Luan começou a beber e eu achava que ele ia segurar a barra. Por mais que eles se gostassem pra caramba, ele pareceu bem tranquilo nesses dias. Muito triste, muito mesmo. Usava óculos escuros quase sempre e eu tinha certeza que chorava. Mas não o julgo de fraco ou "fresco", por chorar. Eles eram muito felizes juntos e dava pra ver o quanto se gostavam. Apostei até em casamento! Mas infelizmente a felicidade dos outros incomoda. Não sei ao certo o que aconteceu, mas ele não queria nem olhar para ela. Citou algo de "ex dela" e que não queria ouvi-la. Eu sou a favor de uma conversa, mas não é o meu relacionamento que está em jogo. Ficou com uma mulher na frente dela e eu fui conversar com ela. Ela olhava triste e parecia sofrer muito também. Tadinha! Eu gostava muito dela e até tentei explicá-lo, mas acabei sendo cortado pela sua amiga. Passei a tentar diverti-la e ela parecia um pouco mais distraída. Luan ficou com uma, duas, três, quatro... Todos ali davam mole pra ele e ele não perdia oportunidade. Nunca o vi tão rápido nos botes, parecia desesperado. Ela acabava vendo e ele sorria satisfeito, como se quisesse esfregar na sua cara que estava seguindo em frente. Ela foi admirável, não se rebaixou ao seu joguinho e continuou conversando com a gente. Estranhei sua amiga estar tão quieta também... Ela podia curtir, não podia? Cheguei nela, que era bem bonita, e acabei levando um fora. Merda, havia esquecido que ela estava de rolo com Marquinhos. Isso fez Tatá rir, rir muito da minha cara. Pelo menos serviu pra alguma coisa. Luan, mesmo pegando todo o camarote, mandou Cirilo ficar de olho na Tatá. Entendem agora como o garoto está sofrendo? Ele era louco por ela e eu rezava para que a Tatá seguisse sem ficar com ninguém, eu realmente não queria escândalo com o Luan ali. Arleyde e Seu Amarildo me matariam. Não que eu seja machista, claro! Se ele estava passando o rodo, ela poderia sim ficar com alguém. Mas acontece é que eu o conheço e depois do seu pedido para o Cirilo, só tirei a certeza. Ele não aguentaria vê-la ficando com ninguém. Não tão recente assim. É injusto, mas ele era assim. Ou pelo menos estava assim. E o que eu mais temia aconteceu. Luan já estava morto de bêbado e ficava com a 10ª da noite. Tanara estava muito linda, confesso, e claro, chamava muito atenção. Pelo pouco que percebi, muitos homens chegaram nela e Well conseguiu atrapalhar. Ela já estava bufando e o Well só pedia desculpa. Para piorar tudo, mesmo ocupado com outras, Luan não parava de encara-la. Um olhar que transmitia medo até para mim! Eu definitivamente precisava tirá-lo dali. Não demorou muito para acontecer o que eu mais temia: Tatá cansou da pose de Wellignton e foi firme, o afastando. Ele me olhou pedindo ajuda e eu falei para ele esquecer a ordem do Luan. Ela não merecia aquilo e Luan estava bêbado, não brigaria com ninguém daquele jeito. Well questionou, sempre muito certo; e eu acabei assumindo a responsabilidade. Estava terminando de ficar com uma mulher bem bonitinha, quando vi Cristina sozinha. Não me importei e continuei ali, me divertindo um pouco pelo menos. Mas em um olhar aleatório, eu vi Tanara conversando com um cara. Bem íntimos. Ele cochichava algo no ouvido dela e ela ria, como se estivesse num show de humor. Aquilo não demoraria para virar um beijo, ela parecia ter bebido. Olhei para Luan e vi que ele a encarava, bufando, agora sozinho. Merda!

- Cê me dá só um minutinho? - perguntei e ela assentiu, sorrindo. Fui até ele, rápido.
- Luan, acho melhor a gente ir embora. - falei calmo.
- O Wellignton não escutou a minha ordem não? - bebeu mais um gole da cerveja.
- A Tatá não estava gostando, Luan. Ele estava sendo bem inconveniente!
- Foda-se cara! Eu não me importo com o que essa... - bufou. - Pensa! Ou quer! Agora tá lá, de papinho com aquele imbecil. - fuzilava os dois. - Ela é assim, amolece fácil com qualquer cantadinha barata. Idiota.
- Deixa ela, cara.
- Deixa ela? Deixar ela é um caralho. Não fez nem um mês que terminamos e ela já vem atrás de macho? Com uma roupa de puta dessa? Eu devia era ir lá e acabar com esse babaca.
- Ela veio curtir o carnaval, Luan. Deixa a menina! Você não pegou um monte de mulher na frente dela?
- E daí? Eu sou homem. - bebeu ainda mais.- Puta. Puta linda. - entristeceu o olhar. - Tira aquele cara dali Rober, por favor. - falou calmo e até me deu pena.
- Luan... Desculpa, mas eu não posso. Vocês terminaram e...
- Tá, Roberval. Tá tudo bem!
- Por que você não vai atrás de outra? Tá cheio de gostosonas...
- Não, eu vou ficar aqui! Quero ver até onde ela vai.
- Cara...
- Eu não preciso de ninguém me vigiando, vei. Eu sei o que eu faço! Sai daqui. - falou ríspido e eu saí, torcendo para que ele ficasse parado ali. Pedi tanto a Tatá... Não estava com um bom pressentimento!

Tanara's POV.

Todas as esperanças que eu tinha para o carnaval morreram na hora que vi meu Rafa beijando aquela mulher. Doeu? Doeu. Mas eu não podia nem demonstrar. Depois veio a 2ª, a 3ª, a 4ª... Ele começou a passar o rodo e eu ficava cada vez mais mal. Queria ir embora, queria chorar, gritar... Não sei! Ou quem sabe bater nele, exclamando: "Para com isso! Você é meu!". Só que ele não era mais meu. Não queria mesmo me escutar, Bruna estava certa. Ah se eu pudesse matar sem ser presa. Mataria Erick, Bernardo... Os dois, ou quem sabe os três. Não me sai da cabeça que aquela Flávia tem alguma coisa a ver com aquele beijo também! Pra piorar, Wellignton não deixava ninguém se aproximar de mim. Quem o patrão dele pensa que é? Aquele incomodo foi me consumindo e quando vi, eu já havia sido grossa com Well. Ele parou, pelo menos. Cristina me deixou um pouco sozinha e um menino lindo se aproximou de mim. Que gato, meu Deus! Até esqueci um pouco do homem que eu amo beijando todas as bocas daquele camarote e foquei na beleza do boy. Gostei do papo dele, ele era divertido. Logo ganhou minha atenção e quando vi, já conversávamos numa sincronia. Ele agora sussurrava no meu ouvido e eu ria. Eu não queria ficar com ninguém, mas depois de ver Luan pegando tantas... Eu acabei mudando minha opinião. Fiz de tudo para ele me escutar, ele não quer... O que eu posso fazer? Pensei que aqui daria certo, mas ele só usou nosso encontro para me mostrar que meus beijos não faziam falta, ele tinha outros. Ele sempre tinha. O gatinho estava me cantando e bom, que mulher não gosta? Não que eu fosse fácil, mas ele estava com as palavras certas. Fazia charme e eu só me interessava mais. Tanto tempo que eu não provava outra boca... Eu acho que é a hora!

- Já falei que seu sorriso tá mexendo comigo? - sussurrou no meu ouvido, pegando na minha mão e beijando em seguida. Eu não aguentei e ri novamente.
- Sei... - cerrei os olhos nele.
- É sério pô. Lembrei de uma cantada muito parecida com você, mas não vou falar. - riu, se afastando.
- Qual é?
- É de pedreiro, não faz bem meu tipo.
- Ah, fala aí... - fiz charme e ele riu.
- Nossa, você me surpreendeu. - sussurrou de novo.
- Por quê? - entrei no seu joguinho.
- Porque eu não sabia que boneca andava! - falou sacana e eu quase gargalhei.
- Nossa, hein...
- Você parece uma, a culpa não é minha, moça.
- Obrigada? Tá me deixando sem graça hein...
- Sua boca tá me tirando até a concentração de te cantar. - alisou meus lábios com o dedão e eu automaticamente lembrei de Luan. Merda, Tanara! Foque, foque!
- É mesmo?! - sorri.
- Aham... - sorriu também e foi aproximando nossos rostos. Nossos lábios estavam prestes a se encostar, quando o empurrando contra mim, fortemente. Foi tão de repente que eu tomei um enorme susto, abrindo meus olhos de imediato. Quando retomei minha noção, vi Luan e o menino que eu estava prestes a beijar, cara a cara. Merda, merda e merda!

- Você tá louco, cara? - o menino perguntou, enquanto meu ex namorado o encarava segurando na sua gola.
- Louco tá você de mexer com a mulher errada. - escutei isso e logo saí do transe, me aproximando.
- Para com isso, Luan Rafael! - o empurrei e ele sequer me olhou.
- Você é namorada do Luan Santana? Nossa, não pareceu... - me olhou nervoso .
- Não, eu não sou. Solta ele, Luan! Solta! - segurava em seu braço, tentando tirá-lo do cara. Coitado, não estava entendendo nada.
- Luan! Você tá louco cara? - ouvi a voz do seu segurança e acalmei um pouco. Ele ainda encarava o menino, muito feio.
- Eu falei pra você segurar sua onda, caralho! - Rober falou e ele finalmente soltou.
O menino ajeitou a camisa e me olhou desentendido. Meus olhos pediam desculpas e ao mesmo tempo, Luan parecia que ia me matar. Rober o afastou da gente, junto de Well.
- Desculpa, tá?! Eu não sei o que deu nele...
- Não, sem problemas. - bufou. - Cara abusado! Só porque é famoso... Bem que falavam que esse Luan Santana era um metido.
- Ele não é metido, ele é meu ex. Não sei porque ele fez isso e...
- Ele é seu ex? Nossa cara! Terminaram há quanto tempo?
- 15 dias. - sorri de lado.
- Tá, ele tá desculpado! Vacilei, quando ficando com a mulher do cara na cara do cara.
- Não, ele não tá desculpado! Ele é um hipócrita.
- Ele fez isso por ciúmes, normal. Eu faria, ou já fiz...
- Não, não é normal. Eu acho que vou embora! Já tá tarde.
- Espero que ele não te xingue por minha causa. - sorriu.
- Não, relaxa.
- Me dá seu número? Ele não me assustou tanto assim, vai?! Só me pegou de surpresa. - balançou os ombros, fazendo graça. Eu concordei, pronunciando meu número logo em seguida.

Luan's POV.

[Leiam escutando Na hora da raiva do Henrique e Juliano]

Aproveitei meu carnaval encarando minha ex namorada e beijando qualquer uma que passassem com uma certa beleza. Irônico, mas preciso. Ela ia se arrepender terrivelmente de ter feito essa sacanagem comigo! Estava bebendo, muito. Foda-se tudo, era carnaval, eu podia. A encarava com raiva, angústia, mágoa, tudo junto... Wellignton a vigiava pra mim. Dar bola para alguém dali já era demais! Ela não podia e nem faria isso, já que minha ordem estava sendo bem executada. Mas num momento que eu estava distraído (vocês já devem imaginar), Cirilo simplesmente se afastou dela. Ele não ia mais me obedecer nessa merda? Bufei, mas fiquei na minha. Ela estava tão linda e se caso não fosse ex minha namorada, seria meu alvo assim que eu entrasse naquele camarote. Mas ela era Tanara, a menina que eu sou completamente apaixonado e que me traiu. Outros a fariam de alvo e depois de tanto evitar, acabei falhando. Um cara se aproximou dela e já davam risadinhas. Nunca desejei tanto na minha vida possuir uma arma! Eu atiraria sem dó. Nele, por estar sussurrando coisas no seu ouvido e arrancar sorrisos que até 15 dias atrás, eram meus. Nela, talvez. Por ter me traído e por estar me fazendo de palhaço. Agora eu entendo tantos crimes passionais. Mas não, eu era para tanto. Mesmo a odiando, nunca seria capaz de lhe encostar um dedo que não fosse para acaricia-la. Eu sou um otário, podem assumir. Observava bebendo minha cerveja e logo ele partiu para o que tanto queria: o beijo. Estava se aproximando dela e meu Deus, não sabia o quanto eu era rápido. O empurrei, os afastando. Cretina! Iria ficar com ele sem ao menos se importar com a minha presença ali. Realmente eu não conhecia a Tanara! O encarava, o segurando pela camisa. Era notável seu medo  e minha vontade era soca-lo. Não sei o que me deu, não sei o que estava sentindo... Mas o ódio que eu sentia dela, passou para ele. Talvez eu seja possessivo. Talvez eu tenha um ciúme dela que mexa comigo fortemente. Talvez isso deva dar medo nas pessoas... e em mim. Ela tocou em mim, me pedindo para parar. Suas mãos em mim, como eu tinha saudade. Mas meu secretário atrapalhou, antes que eu fizesse alguma besteira com aquele filha da puta. Me tirou dali e eu não vi mais ela e nem ele, contrariado.

- Você disse que ia segurar a barra, Luan! Que porra! - me dava bronca. Quem ele pensa que é para me dar bronca? Era só o que me faltava.
- Cala a boca, Rober. Eu sei o que eu tava fazendo.
- Ia bater no cara por tentar beijar a Tatá? Sendo que sua boca deve tá dormente de tanto beijar? Você é louco, Luan. Louco.
- Ela já me fez de palhaço uma vez, não ia fazer de novo.
- Você tá bêbado, cara. Não sabe o que diz!
- Eu não tô bêbado, merda.
- Amanhã a gente conversa, Luan. Me lembre de não deixar mais você beber no mesmo ambiente que ela! Pensei que ia bater nela, vei. Pra quê encarar daquele jeito?
- Eu sei o que eu faço. Se eu não fosse tão trouxa, talvez teria coragem de bater nela mesmo. Ela merecia!
- Você nem sabe o que realmente aconteceu, Luan. Tá julgando!
- POR QUE DIABOS TODO MUNDO DEFENDE ELA? NÃO ACEITA QUE ELA É UMA FINGIDA? Me jurava amor ainda gostando dele? Se fosse eu traindo, todo mundo daria colo pra ela! Agora quando eu sou o chifrudo, todos tentam me explicar que foi um mal entendido. Vão pra porra, vei.
- Não discute, Rober. Ele tá mal. - Well falou e eu o encarei. Ele era o culpado, devia ter a olhado, como eu mandei.
- Tá, Luan. Vamos pro hotel! - Rober suspirou e eu me fez segui-lo. Acho que aquele dia já tinha dado tudo que tinha que dar.

Entrei na van e no caminho, acabei me torturando ainda mais, já que novamente veio um filme na minha cabeça. Rober me olhava com raiva, pena... Não era muito decifrável. Não sei se era efeito do tanto de bebida que eu consumi, mas me deu um nó na garganta e quando percebi, já chorava. Chorar na frente dos outros, parabéns Luan.

- Fica assim não, cara. - falou compreensivo e eu ajeitei meu boné, tentando segurar o choro que já havia sido soltado.
- Ela vai pagar por tudo que tá fazendo comigo, Rober. Ela vai pagar e eu vou cobrar cara!
- Ela tava tão triste também, Luan. Vendo você ficando com outras...
- Triste? Vocês não sabem a grande atriz que ela é. Triste tô eu, e nem devia! Nunca chorei por mulher, Rober. E olha o que essa vagabunda tá me causando!
- Todo mundo já chorou por amor, Luan.
- Mas eu era novo, inexperiente. E agora sou um homem...
- Homem também chora! Você gosta dela, é normal.
- Eu não sei mais o que fazer pra tirar ela da minha mente...
- Luan, conversa com ela? Olha, vai ser melhor cara...
- Não quero nem mais olhar pra cara dela! Não insiste!
- Então tá. Não tem vergonha de chorar, colocar pra fora é melhor...
- O que ele tem que eu não tenho, Rober? Eu não entendo.
- Não sei...
- Tudo bem que eu não fui um dos melhores namorados no nosso único, sabe? Mas depois, eu melhorei muito! A tratava como uma princesa. Nossa, eu fazia de tudo por ela... - falei soluçando e ele deu dois tapinhas no ombro.
Resolvi chorar calado, aquela noite seria longa como todas as outras. E mesmo depois de provar de tantos gostos, o dela não saía de mim. Era meu preferido, era o que mexia comigo. Não sabia que mesmo cantando o amor desde novinho, eu teria esse sentimento tão jovem. Eu a amava, não podia mentir para mim mesmo. De agora em diante eu teria que entrar numa forte batalha com o meu coração, para esquecê-la. Conseguiria. Ninguém nunca morreu de amor!

Tanara's POV.

Depois de presenciar aquela cena, eu pedi para ir embora. Contei para Cris e ela titulou Luan de louco. Ele passou todo o tempo nos encarando e até nos deu medo. Cristina comentava que ele parecia querer matar-me. Viria para cima de mim e me bateria. Eu ria, transferindo o título de louca para ela. Mas não era tanto exagero dela, o olhar dele transmitia até mais que isso.

Fomos embora e somente no hotel, eu me permiti chorar. Só ali pude perceber o quanto seria impossível existir um diálogo entre nós dois. Estava tudo tão bem... Era a mulher mais feliz do mundo e de repente, virei a mais triste. Injustiçada. Não gostava de ver o olhar de pena e preocupação que minha mãe e minhas amigas carregavam para mim. E nesse momento, Cristina estava desse mesmo modo. Tentando me consolar enquanto afaga meus cabelos. Ou pelo menos me fazer parar de chorar. Não precisava estragar só o meu carnaval, eu tinha que estragar o dela também! Grande merda. Ela me mandou ir trocar de roupa e os acessórios, como uma mãe. Eu, obedeci, ainda completamente molhada. Estava parecendo uma bruxa, já que toda a maquiagem que eu demorei para fazer, estava saindo junto das lagrimas. Vesti meu camisola e deitei, pegando meu celular. É, eu gostava de me torturar. Abrir o Instagram agora era como pedir milhões de xingamentos. As fãs não esqueciam o término e mesmo que eu quisesse, elas não deixavam. Vi o user de Priscila e como sempre, ela
alfinetava.

lunara "Luan não tá no camarote Schin com a Tanara, é invenção das lunaras" Então tá linda, essa foto aí que tá rolando é montagem que o @luandaily fez, né?! Ah, claro. Eles estão no camarote sim! Viram a foto da maravilhosa? Ela está mais linda do que nunca! Tomara que role recaída mesmo, porque sou dessas. Além do mais, eu não acredito muito nessa de término. Lembram daquela vez que ela viajou pra Fortaleza e quando voltaram, pararam de se seguir e sumiram? Muitos deduziram que era um término, mas logo depois ele postou aquela fofinha ousada dela. Lembram? Teve até comentário respondido... Eu torço para que dessa vez, a diferença seja o anúncio do término. Tenho fé que eles voltem, ou que nunca tenham terminado de verdade. Só mais uma briga, sei lá... Aguardem, pois eu estou atrás de informações sobre essa noite dos dois no mesmo camarote!

Sorri dela e curti, sem me importar com o que falariam. Precisava dormir, descansar. Mal sabia eu que tudo só estava começando... Ainda tinha um dia na Bahia e seria mais intenso do que eu imaginava.

O 86 ia sair hoje sim, mas bom, não ia ser só isso. Só que ia ficar enorme e bom, ficaria chato pra ler. Parece que não deu muito certo o encontro, né?! Ainda temos um dia em Salvador, hahaha. O que será desses dois? A metade do 86 fica pro 86, não sei se saí ainda hoje...
Música foi indicação de uma leitora, obrigada tá?! Parece que foi feita pra eles! Não tinha escutado antes... Mas enfim, quem sabe se não será feita mesmo? Beijos, espero que comentem amores.